No exercício da advocacia, estabelecer um contrato de honorários bem estruturado e transparente é essencial para uma relação duradoura e segura com o cliente. Esse tipo de contrato oferece proteção jurídica tanto para o advogado quanto para o cliente, especialmente considerando a longa duração de muitos processos judiciais e as diferentes etapas que podem envolver um litígio. Abaixo, abordamos três cláusulas indispensáveis que devem constar em um contrato de honorários, garantindo clareza e proteção para ambas as partes.
Importância de um Contrato de Honorários Escrito
A relação advocatícia exige formalização clara e documentada dos acordos, pois processos judiciais podem se arrastar por anos, tempo em que detalhes combinados podem ser esquecidos ou distorcidos. Formalizar o contrato de honorários por escrito — seja com assinatura presencial ou eletrônica — é fundamental para prevenir problemas futuros, como disputas sobre valores ou escopo de trabalho. Documentar os acordos não apenas reforça a transparência, mas também é uma exigência ética que promove segurança jurídica.
1. Cláusula de Formalização por Escrito
A primeira cláusula essencial trata da formalização por escrito do contrato de honorários. Documentar o contrato formalmente é o alicerce para uma relação profissional sólida e transparente. A seguir, detalhamos as principais razões para essa prática e algumas orientações para sua aplicação:
- Segurança jurídica para ambas as partes: Um contrato de honorários por escrito evita ambiguidades e serve como prova caso surjam dúvidas ou questionamentos sobre os termos acordados. Isso é especialmente importante em relações de longo prazo, onde os detalhes podem ser facilmente esquecidos.
- Assinatura eletrônica: Para tornar o processo de formalização mais rápido e eficiente, considere o uso de assinaturas eletrônicas, que têm validade legal e facilitam a formalização de contratos à distância. Além disso, esse tipo de assinatura evita que a falta de uma reunião presencial inviabilize o contrato.
- Documentação de cláusulas de êxito: A cláusula de êxito, por exemplo, deve especificar o percentual combinado e as condições para sua aplicação. A ausência desse registro pode gerar conflito no momento do pagamento, caso o cliente questione o valor acordado.
Exemplo prático: Em um caso onde o advogado e o cliente pactuam um percentual de 20% sobre o êxito de uma causa de longa duração, como uma ação judicial complexa que se estenda por mais de cinco anos, o contrato permite que ambas as partes relembrem e validem os percentuais acordados.
2. Cláusula de Objeto do Contrato
Definir com precisão o objeto do contrato é essencial para alinhar as expectativas do cliente com os serviços oferecidos pelo advogado. É fundamental que o cliente compreenda os limites do contrato e o que está, ou não, incluído na prestação de serviços.
- Descrição detalhada do objeto: A cláusula de objeto deve ser específica, indicando claramente o escopo dos serviços contratados. É importante que o advogado detalhe as fases do processo em que atuará, como primeira instância, fase recursal, ou execução.
- Serviços não incluídos: Além do que será feito, é altamente recomendável indicar quais etapas ou serviços não estão inclusos no contrato. Esse cuidado evita interpretações equivocadas e frustrações futuras, principalmente em casos onde o cliente deseja recorrer a todas as instâncias possíveis.
Exemplo prático: Se um advogado é contratado para uma ação de reparação de danos no Juizado Especial, é importante que ele especifique até qual fase prestará os serviços — se até a sentença ou se incluirá recursos em tribunais superiores. Essa especificidade protege o advogado de uma possível exigência de serviços adicionais que não foram contratados inicialmente.
- Transparência nas possibilidades processuais: Processos judiciais podem envolver várias etapas e diferentes instâncias, que muitas vezes o cliente desconhece. O advogado, como especialista, deve esclarecer essas possibilidades para que o cliente compreenda o que cada fase implica e, assim, possam definir claramente o objeto do contrato.
3. Cláusula de Pagamento
A cláusula de pagamento é uma das mais sensíveis em um contrato de honorários e deve ser redigida de maneira clara e detalhada. Além de proteger o advogado, uma cláusula bem estruturada evita desentendimentos sobre valores e forma de pagamento. Os principais pontos que devem constar nessa cláusula são:
- Valor total e formas de pagamento: Especifique o valor total do contrato e as condições de pagamento, incluindo a possibilidade de parcelamento. Indicar o vencimento de cada parcela e a forma de cobrança facilita o controle para ambas as partes e evita atrasos ou inadimplência.
- Multas e correção monetária: Caso ocorra atraso nos pagamentos, o contrato deve prever multas, juros e correção monetária. Esses mecanismos são fundamentais para assegurar que o advogado receba o valor ajustado e proporcional ao trabalho realizado.
- Honorários de êxito: Caso o contrato inclua honorários de êxito, deve-se especificar o percentual acordado, bem como o momento em que esses honorários serão devidos, ou seja, após o trânsito em julgado ou ao final de determinada etapa processual. Esta parte deve ser discutida e detalhada para evitar desentendimentos na fase final do processo.
Exemplo prático: Um advogado contratado para um processo de divórcio pode definir que o pagamento será feito em 10 parcelas de R$ 2.000, com vencimento mensal. Para proteção, a cláusula de pagamento deve especificar que o atraso implicará em juros de 2% ao mês, correção monetária e multa de 10% sobre o valor da parcela em atraso.
Considerações Finais
Essas três cláusulas fundamentais — formalização por escrito, definição clara do objeto e cláusula de pagamento — são essenciais para garantir uma relação transparente e profissional entre advogado e cliente. Um contrato de honorários bem redigido não apenas protege ambas as partes, mas também fortalece a confiança no serviço oferecido e no comprometimento do advogado.
Para advogados que desejam desenvolver um trabalho sólido e profissional, dominar o uso dessas cláusulas é apenas o começo. Com o aprofundamento em ferramentas jurídicas específicas, como as ensinadas no curso Aprenda Empresarial com o Professor José Humberto, é possível aprimorar a prática advocatícia e oferecer uma experiência ainda mais qualificada e confiável para seus clientes.
Invista em sua carreira e conheça o Aprenda Empresarial, um curso completo em Direito Empresarial, com técnicas e estratégias práticas que certamente elevarão a qualidade da sua atuação no mercado jurídico!